Muro de Berlim: um pesadelo que durou quase 30 anos

Muro de Berlim: um pesadelo que durou quase 30 anos

Quando se fica próximo e se observa algum pedaço ou trecho do que restou do Muro de Berlim, pode-se sentir claramente o transtorno que essa horrível barreira de concreto trazia para os alemães, principalmente para os berlinenses. Para entender melhor é preciso conhecer um pouquinho da história. Vamos lá?

Terminada a guerra, a antiga Alemanha foi dividida em duas partes: Alemanha Ocidental (capitalista) e Alemanha Oriental (comunista). Além disso, Berlim também foi dividida em quatro zonas de ocupação: Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética. Acontece que Berlim ficava dentro da Alemanha Oriental. Portanto, depois da construção do muro, as três zonas de ocupação dos países ocidentais ficaram completamente ilhadas dentro da Alemanha Oriental.

Algumas pessoas que moraram em Berlim Ocidental contam a dificuldade que tinham para ir por terra a outros locais da Alemanha Ocidental Precisavam atravessar a Alemanha Oriental e enfrentar burocracias e vigilâncias extremas. A melhor forma era utilizar avião. Muitos confundem o Muro de Berlim com a fronteira que dividia as duas Alemanhas. Nada a ver. Essa era muito mais longa, com mais de 1.300 km de extensão.

Mas afinal, porque o muro foi construído? Para conter o fluxo de pessoas que iam da Alemanha Oriental para Berlim Ocidental e, consequentemente, para a Alemanha Ocidental. Era um muro diferente, porque não servia para impedir a entrada, mas a saída das pessoas. Outro detalhe, a maioria das pessoas que se bandeavam para o lado ocidental eram jovens e tinham melhor formação profissional. Os números são imprecisos, mas estima-se que mais de dois milhões de pessoas foram para o lado ocidental, fugindo do comunismo stalinista e dos soviéticos.

Os dados do muro impressionam: 162 km de extensão, 300 torres de vigia, 22 fortins e 256 canis. Imagine o custo para manter toda essa estrutura. Bem, mas em 1989 a Alemanha Oriental, juntamente com todo Bloco Soviético, faliu e o muro literalmente veio abaixo.

Não deixará saudade, mas também é bom que não caia no esquecimento. Por esse motivo, o governo da Alemanha, novamente unificada, decidiu manter oito trechos do muro. Veja algumas partes remanescentes do Muro de Berlim.

Memorial do Muro de Berlim

O Memorial do Muro de Berlim fica na rua Bernauer Straße (desculpe a redundância, pois strasse é rua em alemão). Com a divisão de Berlim em quatro setores após a guerra, essa rua ficou entre os setores francês e soviético, dividindo dois bairros e muitas famílias.

Na foto abaixo pode-se ver que antes do muro principal havia outro menor. Eram separados por uma faixa de terra, denominada de “faixa da morte”, com guaritas e postes com holofotes usados na vigilância. Ao fundo pode-se ver a Torre da TV, orgulho da Alemanha Oriental, usada como símbolo do desenvolvimento tecnológico do País e do comunismo.

Fato curioso: como não era permitido chegar junto do muro no lado oriental, alguns berlinenses do lado ocidental, talvez por vingança ou alguma forma de protesto, jogavam seu lixo para o lado comunista, por cima do muro. Os vigilantes do lado comunista não deviam gostar, pois, provavelmente, o serviço de coleta do lixo sobrava para eles.

Ainda há 220 metros originais do Muro de Berlim neste local. Alguns dos trechos derrubados foram substituídos por barras de ferro.

Outros trechos do muro ficaram indicados por pedras. Na foto abaixo, literalmente, estou em cima do muro, com um pé na ex Alemanha Ocidental e outro na ex Alemanha Oriental. Para mais informações, consulte o site do Memorial do Muro de Berlim.


Trecho próximo à Topografia do Terror

Nesse trecho do muro ficavam os edifícios sedes da Gestapo e da SS. Para quem não sabe, Gestapo era a polícia política que investigava e prendia os opositores do nazismo. Era aconselhável manter distância dessa gente. A SS era o exército nazista, independente da força armada regular da Alemanha, a Wehrmacht.

Os prédios foram destruídos pelos bombardeios e demolidos após a guerra. Esse local ficou na fronteira entre as zonas de ocupação americana e soviética e em 1963 virou passagem do Muro de Berlim.

Atualmente há neste local o Centro de Documentação Topografia do Terror, mantido pela Fundação Topografia do Terror. Essa instituição é alemã e tem o objetivo de apresentar informações históricas sobre o nazismo e seus crimes, além de incentivar pessoas a enfrentarem a dura realidade de tudo o que aconteceu e suas consequências. 

O Centro de Documentação apresenta uma exposição permanente de painéis com fotos históricas que ilustram a ascensão e a queda no nazismo. Mas atenção, é preciso ter estômago forte para visitar essa exposição. As fotos são de situações reais e muitas delas retratam cenas violentas ou infames, como abaixo.

O site da Fundação Topografia do Terror apresenta muitas informações úteis, como dias e horários de funcionamento. Já ia esquecendo, a entrada é free.

East Side Gallery

É o mais extenso e famoso dos trechos remanescentes do muro. Aqui é possível sentir um pouco da atmosfera de contracultura que caracteriza a Berlim atual. Situado às margens do Rio Spree, tem 1.316 m de comprimento e contém mais de cem pinturas de artistas de diversos locais do mundo, além de algumas fotos. As pinturas foram feitas em 1990 no lado leste do muro, na antiga Alemanha Oriental. Daí vem o nome East Side Gallery.

É considerada a maior galeria ao ar livre do mundo. Os temas das pinturas tratam de fugas, experiências e desabafos. Algumas pinturas são muito doidas e de difícil interpretação. Mas, sem dúvida, todas são muito bonitas. Em 1991 esse trecho do muro e suas pinturas foram  declarados patrimônio nacional. Devido à ação do clima e de rasuras e pichações (isso também tem na Alemanha), as pinturas foram restauradas em 2009.

Veja algumas pinturas que estão neste trecho do muro na Galeria de Imagens.

Para mais informações consulte o site da East Side Gallery 

Galeria de Imagens